CASCALHO


Autor: Herberto Sales
Título: CASCALHO, DIAMANTE, CERCATORI DI DIAMANTI
Idiomas: port, esp, ita
Tradutor: Estela dos Santos(esp), Giuliano Macchi(ita)
Data: 28/12/2004

CASCALHO
I

Herberto Salles


Do céu escuro, com a armação que houve de uma hora para outra, as águas caíram de uma vez nas cabeceiras distantes. E inundando talhados, catas e grunas, carregaram pela noite adentro os paióis de cascalho. No povoado da Passagem, à margem do Rio Paraguaçu agora de monte a monte, rajadas de vento cortavam de alto a baixo as ruas ermas, quando os garimpeiros, em lúgubre vozerio, irromperam pela praça alagada com enxurradas descendo para o areão. Vinham encharcados de chuva, transportando como destroços suas bateias, seus carumbés, suas enxadas, seus frincheiros, suas alavancas, seus ralos, suas brocas – suas ferramentas de trabalho, no ombro e na cabeça. Na frente deles caminhava o velho Justino, empunhando a candeia de azeite que o vento ameaçava apagar. Foi quando de novo desabou a chuva.
Mesmo assim pararam defronte da casa do chefe – justamente ao tempo em que a porta da casa se abria e a figura do Cel. Germano recortava-se contra a claridade indecisa do candeeiro-placa. Como o ruído da chuva fosse ensurdecedor, o velho Justino teve de gritar:
– As águas tomaram o serviço todo!
Depois passou a explicar ao patrão que os garimpeiros estavam trazendo um companheiro que morrera afagado – “o Raimundo, aquele frente” – na correnteza de uma cabeça-d’água.
– Foi uma coisa à-toa. Só se o senhor visse. Eu acho até que foi um ataque que ele teve, assim que nem o finado Flávio, que morreu nas Piabas.
O coronel recebeu a notícia com a maior naturalidade: é que, à força de ali se repetirem, os acidentes acabavam por tirar à morte qualquer sentido de surpresa. O mesmo não se deu, entretanto, ao atentar no sombrio quadro constituído pela garimpeirada esbatida à luz bruxuleante das candeias; ao fazê-lo, teve um estremecimento. Porque sentiu de repente, em face daquela massa de trabalhadores destroçados, a evidência de seu próprio infortúnio. Fez então um movimento brusco e ordenou sumariamente ao velho Justino:
– Despache estes homens agora mesmo.
Depois voltou as costas. E bateu a porta com força. Eliminava assim a presença exacerbadora daquela multidão arruinada.
II
Fazia cerca de quatro meses que o Cel. Germano viera para a Passagem. O Paraguaçu corre ali no fundo de um vale de margens escarpadas, onde as moitas de alcaçuz emergem das depressões cheias de detritos aluviais, fundindo os emburrados no verde predominante de sua folhagem. Logo depois, correndo sempre por entre as rochas nuas que atulham o leito áspero, vai precipitar-se numa queda, escachoando no lombo de grandes lajedos cor-de-rosa, para alcançar, por fim, o amplo areão onde se espraia, a caminho da mata, banhando o casario branco do povoado.
É a serra de maior tradição de riqueza das Lavras. Quanto ao rio propriamente dito, embora já muito trabalhado na grupiara das margens e em todos os serviços de leito por volta daquele ano, continuava a desfrutar da mesma fama do tempo do Cel. Joca de Carvalho, seu primeiro explorador. Os garimpeiros afirmavam:
– O Paraguaçu ainda tem serviço para cem anos.
Sua atual produção diamantífera, no entanto, estava longe de ser aquela que caracterizara os anos das primeiras descobertas. Em outros tempos, não só pela abundancia de diamantes, como também pela facilidade de exploração dos garimpos, adquirira todo o vale o prestígio de uma espécie de Terra Prometida. Na época do Gel. Germano, porém, já não ocorriam casos de garimpeiros que encontravam diamantes agarrados às raízes dos pés de canela-d’ema, ao arrancá-los para acender fogo em suas tocas. Todavia, para não falar no Poço da Donana e de outros poços ricos que desafiavam, pela sua profundidade, os rudimentares processos de mineração ali empregados, restavam pródigos ajogos como o do Cabelo da Roda, onde eram encontrados os diamantes matemáticos do cascalho balinha.
– Quem encontrar uma mancha de cascalho balinha no Paraguaçu – diziam os garimpeiros – pode comprar fiado. É pra se pegar até no encher do carumbé!
A suprema ambição se concentrava naquele cascalho privilegiado. E a exploração dos garimpos se processava numa luta de lances repetidos, as esperanças dos homens criando um código e elaborando um calendário. Durante o período das chuvas, que se prolongava, com intervalos variáveis, de princípios de novembro a fins de março, os garimpeiros eram obrigados a suspender todos os cateamentos. Vinha a cheia de Santa Luzia, batiam em retirada para os cascalhões, serviços que eram trabalhados com o aproveitamento das águas nos regos e nas corridas.
Era muito dispendiosa a garimpagem no Paraguaçu: só em bananas de dinamite para os broqueamentos se gastavam somas vultosas. E era um tal de apontar brocas todo dia que não havia dinheiro que chegasse. Os resultados, porém, eram compensadores. No ano anterior, por exemplo, o coronel fizera uma apuração de mais de cem contos – e o garimpeiro Filó Finança, que andava infusado, bamburrara na primeira semana, gastando 800$000 com uma mulher-dama boazinha mesmo que viera de Tamburi. Sem dúvida, era o Paraguaçu, para todos os efeitos, o melhor garimpo das Lavras.
De março a junho, as chuvas rareavam; contudo, as neblinas eram comuns nessa quadra, tornando temerária qualquer tentativa de cateamento. Por isso mesmo, a experiência instituíra aquela praxe:
– Só depois da fogueira…
Era quando o Cel. Germano, vindo da fazenda São Pedro, se instalava na Passagem. Ordinariamente, os serviços começavam pela construção dos cortes de terra preta com faxinas de fedegoso. Distribuídos em sociedades capitaneadas pelos frentes, entregavam-se os garimpeiros à secagem de água que os dividia entre o enchedor e o tombador, entrando na fase onde o cascalho era socado e por fim amontoado, para ser em seguida ralado e depois lavado. Esses trabalhos, que se prolongavam durante quatro ou seis semanas, eram logo recomeçados nas novas catas que se abriam, quase todas quebradas a dinamite, numa operação que o marrão batido a braço arrematava. Vinha então a fase final da apuração – com todos os serviços resumidos antes de novembro, quando tinha início o período regular das chuvas. Entretanto, ocorriam muitas vezes cheias temporãs – o que tornava aquela garimpagem não só a mais dispendiosa, mas também a mais arriscada das Lavras.
(…)
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Fonte: Sales, Herberto. Cascalho: romance. 3a ed. Rio de Janeiro: O Cruzeiro, 1956. p. 15-21.
DIAMANTE

I

Herberto Salles

Del cielo oscuro, con los nubarrones que se armaron de pronto, las aguas cayeron de una vez en las distantes nacientes. E inundando canales, catas y minas subterráneas, cayeron la noche adentro sobre la montaña de cascajo. En el poblado de Passagem, en las márgenes del río Paraguaçu, ahora de orilla a orilla, ráfagas de viento cortaban de arriba abajo las calles desiertas, cuando los garimpeiros, en lúgubre vocerío, irrumpieron por la plaza inundada por los aluviones que bajaban hasta el arenal. Venían encharcados de lluvia, transportando destrozadas sus bateas, sus carretillas, sus azadas, sus ganchos, sus palancas, sus cernidores, sus cortafierros, sus herramientas de trabajo, sobre el hombro y la cabeza. Al frente de ellos caminaba el viejo Justino, empuñando el farol de aceite que el viento amenazaba apagar. Fue cuando de nuevo se desató la lluvia.
Inclusive así pararon frente a la casa del jefe, justo al tiempo en que la puerta de la casa se abría y la figura del coronel Germano se recortaba contra la claridad indecisa del farol embutido. Como el ruido de la lluvia era ensordecedor, el viejo Justino tuvo que gritar :
– ! El agua lo inundó todo!
Después pasó a explicarle al patrón que 1os garimpeiros traían a un compañero que había muerto ahogado – “Raimundo, aquél” – en la correntada.
-Fue una cosa accidental. Si lo hubiera visto… Me parece que fue un ataque que tuvo, como el del finado Flabio, el que murió en las Piabas.
El coronel recibió la noticia con la mayor naturalidad: es que, a fuerza de repetirse, los accidentes acababan por sacarle a la muerte el sentido de sorpresa. Lo mismo no ocurrió, sin embargo, cuando observó el cuadro constituido por los mineros a la luz brujuleante de los faroles; al verlos sintió un estremecimiento. Porque, de repente, frente a esa masa de trabajadores destrozados, sintió la evidencia de su propio infortunio. Entonces hizo un movimiento brusco y sumariamente le ordenó al viejo Justino :
– Despacha a esos hombres ahora mismo.
Después se volvió de espaldas. Y golpeó con fuerza la puerta. Así eliminaba la presencia exacerbada de esa multitud arruinada.
II
Hacía cerca de cuatro meses que el coronel Germano había venido a Passagem. El Paraguaçu corre allí por el fondo de un valle de márgenes escarpadas, donde motas de alcacuz emergen de las depresiones llenas de detritos aluviales, fundiendo los marrones en el verde predominante de su follaje. En seguida, corriendo siempre por entre las rocas desnudas que obstaculizan el lecho áspero, va a precipitarse en una caída, acataratándose sobre el lomo de grandes piedras color rosa, para alcanzar, por fin, el amplio arenal donde se hace playa, camino del monte, bañando el caserío blando del poblado.
Es la sierra que tiene mayor tradición de riqueza en las Lavras. En cuanto al río propiamente dicho, aunque muy trabajado ya en el raspaje de sus márgenes y en todos los trabajos del lecho del río durante ese año, continuaba disfrutando la misma fama que en tiempos del coronel Joca de Carvalho, su primer explotador. Los mineros afirmaban :
– El Paraguaçu tiene trabajo para cien años.
Su actual producción diamantífera, sin embargo, estaba lejos de aquella que lo había caracterizado en los años de los primeros descubrimientos. En otros tiempos, no sólo por la abundancia de diamantes, sino también por la facilidad de la explotación, todo él valle había adquirido el prestigio de una especie de Tierra Prometida. En la época del coronel Germano ya no ocurrian casos de mineros que encontraban diamantes agarrados a las raíces de las plantas de canela-d’ema, al arrancarlas para encender el fuego en sus ranchos. Aunque todavía, para no hablar del Poço da Donana y de otros pozos ricos que
desafiaban por su profundidad a los rudimentarios procesos de minería allí empleados, quedaban pródigas rinconadas como la del Cabelo da Roda, donde se encontraban los diamantes simétricos de cascajo balinha.
– El que encuentra una mancha de cascajo balinha en el Paraguaçu -decían los buscadores-, puede comprar al fiado. ¡Hay que darle hasta que se llene la bolsa!
La suprema ambición se concentraba en ese cascajo privilegiado. Y la explotación de las minas se procesaba en una lucha de lances repetidos, las esperanzas de los hombres creando un código y elaborando un calendario. Durante el período de lluvias, que se prolongaba, con intervalos variables, desde principios de noviembre hasta fines de marzo, los mineros estaban obligados a suspender todas las explotaciones. Venía la creciente de Santa Lucía, y se retiraban hacia los cascalhões, servicios que eran trabajados con el aprovechamiento de las aguas en los arroyos y canales.
La minería en el Paraguaçu era muy dispendiosa : solo en paquetes de dinamita para romper la piedra se gastaban sumas abultadas. Y era una de apuntar “rompepiedra” todo el día que no había dinero que alcanzase. Los resultados, sin embargo, compensaban. El año anterior, por ejemplo, el coronel había hecho un recipiente para el lavado final de más de cien contos, y el garimpeiro Filó Finança, que estaba inspirado, había acertado en la primera semana, gastando ochocientos mil con una puta de lo más linda que había venido de Tamburi. Sin duda, el Paraguaçu, para todos los efectos, era el mejor sitio de las Lavras.
De marzo a junio las lluvias raleaban; con todo, las neblinas eran comunes en esa época, volviendo temeraria cualquier tentativa de cateo. Por eso mismo, la experiencia había establecido esta práctica :
– Sólo después de la fogata *…
Fue cuando el coronel Germano, venido de la fazenda São Pedro, se había instalado en Passagem. Ordinariamente, los trabajos empezaban con la construcción de cortes de tierra negra en sitios pantanosos. Distribuidos en sociedades, capitaneados por los capataces, los mineros se entregaban a la tarea de sacar las aguas dividiéndolas entre el llenador y el tumbador, entrando en la fase donde el cascajo era martillado y por fin amontonado, para en seguida cernirlo y después lavarlo. Esos trabajos, que se prolongaban por cuatro o seis semanas, eran luego recomenzados en las nuevas catas que se abrían, casi todas abiertas a dinamita, en una operación que el martillo manejado a brazo acababa. Entonces venía la fase final del trabajo, con todas las tareas resumidas antes de noviembre, cuando se había iniciado el período regular de las lluvias. Por otra parte, muchas veces había crecidas temporales, lo que volvía aquellos trabajos no sólo los más dispendiosos sino también los más arriesgados de las Lavras.
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Fonte: Sales, Herberto. Diamante. Traducción de Estela dos Santos. Buenos Aires: Sudamericana, 1980. p. 15-21.
* La fogata: se refere a las fogatas que se encienden para la celebración de San Pedro y San Juan.


CERCATORI DI DIAMANTI
 
I

Herberto Sales
Dal cielo scuro, con un mutamento improvviso del tempo, la pioggia si era abbattuta di colpo sulla lontana regione delle sorgenti del fiume. Inondando cave, cantieri e gallerie, si era portata via nella notte anche i depositi di cascalho. Nell’abitato di Passagem, sulle rive del Paraguaçù straripato, raffiche di vento prendevano d’infilata le strade deserte, quando i cercatori di diamanti, con lúgubre vocare, entrarono nella piazza invasa da torrenti d’acqua che scendevano verso l’arenile. Fradici di pioggia, trasportavano suelle spalle e sulla testa, come relitti, i loro attrezzi di lavoro: bateias, carumbés, zappe, leve, vagli, scalpelli. In testa veniva il vecchio Justino, reggendo una torcia che il vento minacciava di spegnere.
Si fermarono di fronte alla casa del padrone proprio mentre la porta si apriva e la figura del colonnello Germano si stagliava contro il chiarore indeciso del lume. Nel rumore assordante della pioggia il vecchio Justino dovette gridare:
— L’acqua ha inondato tutti i cantieri!
Raccontò poi che i cercatori trasportavano il corpo di un compagno che era annegato – «Raimundo, il caposquadra» – travolto dalla piena.
— E’ stato tutto all’improvviso. Se aveste visto. Gli dev’essere preso un colpo, come al povero Flavio, quello che morì alle Piabas.
Il colonnello pres ela notizia con grande naturalezza: ce n’erano tanti, di incidenti, che la morte aveva perduto ogni sapore di sorpresa. Ma non rimase cosi tranquillo quando scorse, alla luce incerta delle fiaccole, lo spettacolo squallido dei cercatori: li guardò e rabbrividì. Perché sentì in quella moltitudine di lavoratori disfatti l’evidenza del disastro che aveva colpito anche lui. Con una mossa brusca ordinò seccamente al vecchio Justino:
— Manda via questa gente, subito.
Poi girò le spalle e sbatté con forza la porta. Eliminava così la presenza opprimente di quella folla rovinata.
II
Erano circa quattro mesi che il colonnello Germano era venuto a Passagem. Il Paraguaçù scorre in quel punto sul fondo di una vallata dalle sponde scoscese, dove i cespugli di alcaçuz emergono dalle depressioni piene di detriti alluvionali, avvolgendoli con il verde dominante del loro fogliame. Più giù, scorrendo sempre tra le rocce nude che riempiono il suo corso accidentato, precipita in una cascata, spuneggiando sul grande basamento rosa, per raggiungere infine, nel suo camino verso la boscaglia, l’amplio arenile dove si allarga a bagnare le casupole bianche dell’abitato.
É questa, da sempre, la zona di montagna più ricca di tutte le Lavras. Quanto al fiume propriamente detto, anche se già motto battuto sulle terrazze laterali e sul fondo, aveva ancora, a quell’epoca, la stessa fama dei tempi del colonnello Joça de carvalho, il pioniere del suo struttamento.
I cercatori di diamanti affermavano:
— Il Paraguaçù ha riserve per altri cent’anni.
Eppure la sua produzione diamantifera era allora di motto inferiore a quella che aveva caratterizzato gli anni dei primi ritrovamenti. A quei tempi, grazie non solo all’abbondanza di diamanti ma anche alla facilità con cui si sfruttavano i giacimenti, tutta la Valle aveva acquistato la fama di uma specie di Terra Promessa. All’epoca del colonnello Germano non si davano più casi di cercatori che trovavano diamanti attaccati alle radici della canela-d’ema quando la sradicavano per accendere il fuoco nelle loro capanne. Tuttavia, anche lasciando da parte il pozzo della Donana e altri pozzi ricchi che sfidavano, con la loro profondità, i rudimentali procedimenti di estrazione allora in uso, restavano ancora generosi depositi nelle anse del fiume, come il Cappello della Ruota, dove si trovavano i diamanti: garantiti del cascalho a palline.
— Chi trova nel Paraguaçù una vena di cascalho a palline – dicevano i cercatori – può comprare a credito. I diamanti lu puoi raccoglierementre riempi il carumbé.
La suprema ambizione si concentrava su quel cascalho privilegiato, e lo sfruttamento dei giacimenti procedeva con una lotta dalle alterne vicende: le speranze della gente avevano creato un codice e stabilito un calendario. Durante il periodo delle piogge, che si estendeva, con intervalli variabili, dall’inizio di novembre alla fine di marzo, i cercatori erano costretti a sospendere ogni lavoro. Arrivava la piena di Santa Lucia, battevano in ritirata verso i depositi di cascalho che lavavano con le acque dell’imondazione.
***
La ricerca dei diamanti nel Paraguaçù costava un occhio: solo in candelotti di dinamite per le forature si spendevano somme ingenti. E si forava tanto ogni giorno che i soldi non bastavano mai. I risultati, però, ripagavano la spesa. L’anno prima, ad esemplio, il colonnello aveva incassato più di centomila milreis, ed il cercatore Filò Finança, che si portava la scalogna addosso, aveva avuto un colpo di fortuna la prima settimana e aveva speso ottocento milreis com una prostituta niente male venuta da Tamburì. Il Paraguaçù era davvero, in tutti i sensi, il miglior giacimento delle Lavras.
Da marzo a giugno de piogge diminuivano, ma la nebbia era sempre lì, a rendere temerario qualsiasi tentativo di sfruttamento. Proprio per questo l’esperienza aveva dettato la regola:
— Solo dopo San Giovanni…
Era allora che il colonnello Germano veniva dalla fattoria di São Pedro e si istallava a Passagem. Normalmente i lavori cominciavano con la costruzione di dighe fatte di terra scura e fascine di ramaglia. Dioisi in gruppi con tanta caposquadra i cercatori si mettevano a drenare l’acqua, riempiendo e souotando i barili finché il cascalho veniva pressato e ammucchiato per essere poi setacciato e lavato. Questi lavori duravano quattro o sei settimane, e siripetevano subito dopo nelle nuove cave che si andavano aprendo, quase tutte con la dinamite: il lavoro era completato a colpi di maglio. Veniva poi la fase finale del vaglio e del lavaggio e tutti i lavori si concludevano prima di novembre, quando iniziava il periodo normale delle piogge. Tuttavia, a volte arrivavano piene improvvise – che rendevano quella ricerca di diamanti non solo la più dispendiosa ma anche la più teneraria delle Lavras.
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Fonte: SALES, Herberto. Cercatori di diamanti: Romanzo. Traduzione di Giuliano Macchi. Milano, Vanni