Autor: Armando Freitas Filho
Título: CABEÇA DE HOMEM, CABEZA DE HOMBRE
Idiomas: port/esp
Tradutor: Adolfo Montejo Navas
Data: 26/12/2004
CABEÇA DE HOMEM
Armando Freitas Filho
Vibrato
Arrebentação.
Desejo de mar, leões
em riste
céu sem risco de raio
quanto tempo
deve durar um adeus?
Seu corpo está todo aqui
mas não te agarro.
Cara a cara
apenas tocamos a corda
dos dois arcos
que não disparam.
Parados, sem saída
com os corações tão vivos:
animais puros, só de sangue
entre formações de rochas
ou de nuvens – hesitantes
dependentes ainda de definição.
Num instante
Mulheres livres
são perfumes nos lenços
adeuses, são deusas
que se evaporam:
baudelaires no vento
músicas de cor
sopros
de boca em boca
metais e cordas
que tocam
em todos os lugares
de mão em mão
e passam sem se poupar
pelo éter
em pleno apogeu
por mim – minuteman –
com vestidos deslizantes
vivendo no vermelho.
Mãe, mulher
Beijo a boca de sua alma.
Beijo tudo, através
persiânico.
Beijo o que não quer beijo
o desejo ocluso
o dente desesperado
que contra-ataca.
Beijo ainda, e em cheio
o cheiro de um meio-banho
e o que não é para beijar:
o que não se rende nunca
irredutível
e é absolutamente seu
central, farpado, avesso ao ar.
Pequena morte
Acabo. Vou pela vertente estreita
rente ao chão e a carne
pela via íntima e úmida
tomando o corpo pela raiz
frontal e viva: fio-terra, chicote
de muitas pontas
exatamente múltiplo – venéreo
combinando músculos e números
entre cálculo e acaso
vou no impulso, no arranco
sem ensaio: disparo, desperdício
e paro.
____________________
Fonte: FREITAS FILHO, Armando. Cabeça de homem. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991. p. 31, 35, 51,101
Vibrato
Reventazón.
Deseo de mar, leones
en ristre
cielo sin peligro de rayo
¿cuánto tiempo
debe durar un adiós?
Tu cuerpo está todo aquí
pero no te agarro.
Cara a cara
apenas tocamos la cuerda
de los arcos
que no disparan.
Parados, sin salida
con los corazones tan vivos:
puros animales, sólo de sangre
entre formaciones de rocas
o de nubes – vacilantes
o pendientes aún de definición.
En un instante
Mujeres libres
son perfumes en los pañuelos
adioses, son diosas
que se evaporan:
baudelaires en el viento
músicas de color
soplos
de boca en boca
metales y cuerdas
que tocan
en todos los lugares
y pasan sin posarse
por el éter
en pleno apogeo
por mí – minuteman –
con vestidos deslizantes
viviendo al rojo.
Madre, mujer
Beso la boca de tu alma.
Beso todo, a través
persiánico.
Beso lo que no quiere beso
el deseo oculto
el diente desesperado
que contraataca.
Beso aún, y de lleno
el olor de un medio baño
y lo que no es para besar:
lo que no se rinde nunca
irreductible
y es absolutamente tuyo
central, farpado, contrario al aire.
Pequeña muerte
Acabo. Voy por la vertiente estrecha
pegado al suelo y la carne
por la vía íntima y húmeda
tomando el cuerpo por la raíz
frontal y viva: hilo-tierra, chicote
de muchas puntas
exactamente múltiple – venéreo
combinando músculos y números
entre cálculo y acaso
voy en el impulso, en el arranque
sin ensayo: disparo, despilfarro
y paro.
________________________
Fonte: FREITAS FILHO, Armando. Cabeza de hombre. Traducción y prólogo de Adolfo Montejo Navas. Madrid: Hiperión, 1995. p. 43, 47, 63, 113.